"Pedaços Invisíveis"
Saí do teu ventre seguro e quente para ser acolhida pelos teus braços e inconscientemente reconheci o perfume e voz que me susteve durante tanto tempo e me fez morrer de curiosidade. “Agora és tu que cresces em mim”, pensei. Tentei compreender cada gesto de lábios e mãos. Acho que nos entendíamos na perfeição. Nada mais era preciso. Tudo se tornava maravilhosamente delicado e intenso. E imaginava eu, na minha inocência de criança, que qualquer tipo de separação seria impossível… Triste é saber que estava redondamente enganada. De repente deixei de a conhecer. Tornou-se um ser repugnante e estranho. Agressivo. Despreocupado. Infeliz. Morto. Já não era especial. Tornei-me cada vez mais pequena como que afectada por um doença degenerativa. Desfiz-me em pedaços e inutilmente tentei reconstruir-me. Pois quando um raio de sol incidia sobre eles e os tornava visíveis, Ela esbracejava com toda a sua força, acabando eu por me deixar levar pelo impulso do vento. Assim parei e aceitei o monstro que se tornou. Olhei, via fugir e as lágrimas escorreram-me desenfreadamente pelo rosto. Agora sou mais eu em mim. Cresço rápido.
Há coisas que magoam e espremem o nosso coraçãozinho de tal forma que nos deixam sem ar…
…ODEIO MÃES.
Trup'Eça 2008