sábado, 11 de julho de 2009

“Se fores um pessoa com sorte, talvez ao fechares os olhos vejas às vezes, suspenso no escuro, um lago de contornos indistintos e lindas cores claras”


"Passam Uma…Duas…Três Horas"

Apaga a luz. Deita-te. Aninha-te no meio dos cobertores, meu amor, está frio. Fecha os olhos. Adormece. Bom, não é? Abraço-te. Guardo o teu sono.
Passam uma…duas…três horas. Hey, olha! Rápido, olha agora! Não o deixes fugir! Um sonho amor…Não o deixes fugir. Isso! Luta, prende-o a ti. O que vês? Brutal…! Cores suspensas no brilho de uma estrela. Roxo, laranja, amarelo, rosa, azul, verde. Não resistes e salpicas os dedos na tinta. Pintas as quatro paredes vazias do teu quarto. Ouço risos. Brincas gritantemente. Recobres-te de imagens estonteantes. Cantas e arrebatas-me com o vento dos teus movimentos enquanto danças. O meu peito cresce, está prestes a rebentar numa espécie de êxtase que não consigo descrever. Quero falar-te, ter-te no meu colo, embalar-te, proteger-te e assegurar que nunca me foges. Ficar para sempre a menina da sua mãe. Suspiro…Permaneço imóvel olhando simplesmente e sorrindo para ti. Mais uma hora. Então? O que foi? Porque paraste? Vais acordar? Não, espera mais um pouco. Aproveita. Pronto, volta ao teu sono. Descansa. Mas fica atenta, pois a qualquer altura uma outra realidade pode chegar e convidar-te a entrar. E tu aí desse lado, sim, tu mesmo, fecha os olhos também, porque “se fores um pessoa com sorte, talvez ao fechares os olhos vejas às vezes, suspenso no escuro, um lago de contornos indistintos e lindas cores claras”.


Trup'Eça 2008